quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Não podemos nos calar

Shalom!

Hoje em dia, infelizmente por causa de muitos escândalos e excessos que existem no meio evangélico, é comum ouvir, ler e fazer críticas concernentes a Igreja e ao meio evangélico de forma geral. Há uma indignação por parte de muitos que tem ecoado de uma forma ou de outra em nosso meio, e concordo, não podemos nos calar. Mas, fato é que existe um grande desconforto na sociedade com relação a questões ligadas aos evangélicos e também a grande fatia dos líderes denominacionais.

Ao meu modo de ver, precisamos filtrar o que vem acontecendo para que não venhamos colocar todos no mesmo pacote e descartar pessoas sinceras que estão lutando pela verdade, gente de Deus que acredita na mensagem de Jesus, daqueles que estão tentando enganar, extorquir, se aproveitar de uma fatia de desesperados.

É bem verdade que grande parte dos televangelistas, apóstolos, bispos e pastores tem causado um alvoroço alarmante na frente das câmeras. Exageros inescrupulosos têm assustado até mesmo os que não frequentam igrejas, basta apenas ter um pouco de sensatez para não ser ludibriado.

Infelizmente existe realmente um grupo, principalmente os lideres midiáticos, alguns dos crentes artistas, pastores "show man" que tem ajudado na tentativa da dissimulação do nome de Cristo por parte dos críticos e da impressa escrita e televisiva.

Mas como podemos ponderar as questões mais inquietantes que surgem como algo insolúvel no meio cristão? Existem critérios que precisam ser levados em conta na hora de considerar o que tem acontecido no meio Evangélico.

Os líderes mercantilistas, inescrupulosos, mercenários, etc, trabalham em cima de pelo menos quatro situações que todos estão sujeitos a serem explorados. Em primeiro lugar, incitam competitividade. Desde criança, somos incentivados a viver em um mundo de competição. Competimos nos jogos, na hora de se alimentar na escolinha para ver quem acaba primeiro, somos constrangidos a tirar notas boas, não simplesmente para passar de ano ou mostrar que aprendemos a lição. Compete-se a garota no colégio, na roda de amigos, e assim, vamos crescendo e continuamos competindo. Competimos por uma vaga no vestibular, competimos por uma boa vaga de emprego, e assim sucessivamente. Porém, existem competições que também são sadias, pois elas nos ensinam a valorizar-nos a nós mesmos. Mas de certo modo, muitos fazem dessas competições suas razões de viver. Há pessoas que levam isso tão ao pé da letra que sentem-se muitas vezes impelidas a eliminarem seus “oponentes”. Competem tanto que trazem isso para os seus relacionamentos mais íntimos, e inclusive para o relacionamento com Deus e igreja.

O escritor Philip Yancey escreve dizendo: “O gosto pela competição se espalha como uma doença[...]A competição nos cega, de modo a não vermos as coisas de uma perspectiva sóbria e distante. Ela nos agarra e aperta até que tudo em que conseguimos pensar é na vitória”.[1] E isso é uma grande realidade, e em nome da competição, muita gente aprende a pisotear outros nesse processo.

Você já deve ter ouvido algum líder vociferando que Deus vai tirar do ímpio para dar para os crentes. Que Deus vai humilhar aqueles que estão lhe perseguindo, não é mesmo? Ou que vai até matar alguém para lhe abençoar, ensinando assim que Deus prefere uns em detrimento do outros. Pois bem, tem igreja que declarou guerra contra Emissora de Televisão, dizendo eles, que esses são os maiores inimigos do povo de Deus, dando até a alcunha de Babilônia. Muitos fazem isso, usando texto do Antigo Testamento, esquecendo-se que a Bíblia relata ocasiões em que alguns povos se colocavam contra a formação e perpetuação do povo hebreu e não em coisas como emprego, faculdade, nos relacionamentos conjugais, familiares e nem muito menos entre os irmãos. Mas é incrível como em algumas igrejas as pessoas são incitadas o tempo inteiro a competir, a ver sempre o outro como opositor e oponente. Pelo contrário, devemos aprender a sermos humildes como Cristo assim o foi, e, a Bíblia Sagrada nos diz: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros, tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus "(Fp 2.3-5).

Essas palavras do apóstolo Paulo, precisam serem levadas a sério em todas as questões, porque igrejas que trabalham em cima de competitividade, são alimentadas por essas visões de batalha, o que configura todos contra todos.

Em segundo lugar, aguçam a ambição. É interessante porque muitas pessoas acabam confundido sonho com ambição. Sonhar não é proibido, pelo contrário, os sonhos nos alimentam o espírito, nos dão sentido para a caminhada. Alguém já disse que viver sem sonhar não é viver. Realmente, mas quando os malabaristas da fé, tentam dar a essas ambições, nome de sonhos, as pessoas se dispoem a tudo, afinal de contas, quem está falando, o está fazendo, em nome de Deus. Muitos usam a Bíblia para gerar nas pessoas sentimentos que elas nunca tiveram. Concordo que existem pessoas que precisam ser estimuladas a sonhar, mas não a ambicionar.

Ligue a Tv e você verá os testemunhos mirabolantes daqueles que se dizem ter felicidade e paz. Começa normalmente assim: “quando eu vim para igreja tal, morava de aluguel, andava de ônibus ou a pé....mas depois que vim para igreja tal...”(ai vocês já sabem o resto). Desse modo, meia dúzia de gente que já tem o coração dobre, ouve essas coisas, imediatamente já querem saber qual a receita “mágica” para tal mudança radical. Ora, normalmente isso é fruto de trabalho, autodisciplina, mão de obra qualificada e objetivos bem traçados. Mas não, transferem isso para uma dimensão espiritual que causa desdobramentos inimagináveis.

Nunca podemos esquecer que Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado, e lá, ele foi tentado pelo diabo, que usava a própria Palavra de Deus para dissuadi-lo do seu propósito maior (Mt 4.1-11). E aqui, cabe a seguinte observação, não é porque estão usando a Bíblia, que não possam estar gerando nas pessoas sentimentos distorcidos e pervertidos. A Bíblia Sagrada diz: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz” (Tg 1.13,14). E nada que uma forcinha por parte dos mercadejadores da fé, não possa ajudar, ensinando as pessoas a despertarem não o “...o novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10), mas sim, o homem caído, que ama esse mundo e sua beleza. Aguçam nas pessoas sentimentos, que talvez nunca tiveram, e passam a alimentar desejos perniciosos e destruidores.

Em terceiro lugar, exploram as mazelas da vida. Todos nós temos mazelas na vida muito difíceis de se lidar. Passamos por processos dolorosos e muitas vezes desgastantes em meio ao caminho que percorrermos. Muitos estão passando por necessidades emocionais tão atordoantes que o coração está completamente dilacerado. É comum vermos pessoas que chegam ao desespero, apelando para os curandeiros, cartomantes, gurus, prognosticadores e os promotores da má fé.

Porque promotores da má fé? Porque usam as mazelas da vida para as explorar. Há pessoas que já bateram em tantas portas que podem ter certeza, normalmente o último lugar que vão é a igreja. Chegando lá, elas estão dispostas a fazerem o que for necessário para resolver seus problemas mais indesejáveis. Lécio Dornas disse: “Fugir dos problemas é sempre a nossa maior tentação. Aliás, o que não falta hoje em dia são propostas que apelam ao coração humano dizendo: Pare de sofrer! Você não precisa ter problemas! Temos algo que vai fazer você nunca mais verter uma lágrima”.[2] Nessa hora entra em cena esses que se aproveitam da desgraça alheia para sugar-lhes o dinheiro, a boa fé, o tempo, até mesmo a vida, enfim, tudo o que podem. Prometendo soluções imediatas, para causas na justiça, “portas de empregos”, dores de cabeça e outras tantas mazelas.

Exploram o máximo que podem com discursos cheios de técnicas psíquicas, revestidos de uma teatrialização gospel, show de pirotecnia e manipulação emocional. Porém, o apóstolo Pedro, já, a muitos séculos atrás alertou dizendo: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade. Também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme”(II Pe 2.1-3).

É necessário voltar-se para Bíblia, examinar nas Escrituras para ver se realmente o que está sendo dito tem coerência, ou está dissimulando o Caminho Santo, porque muitos estão desatordoados no caminho, sem nenhuma direção porque deram ouvidos a tantas coisas que no lugar de consolar, trouxe mais sofrimento e tristeza.

Em último lugar, colocam-se na condição de sacerdotes. Aqui existe um risco muito grande e ao mesmo tempo, é um assunto bem difícil de trilhar, pois muitas pessoas confundem o ministério pastoral com ministério sacerdotal. Ainda que um pastor seja um ministro de Deus, para ministrar as pessoas através dos dons ministeriais que lhe foram conferidos pelo próprio Jesus, um pastor, só é sacerdote dele mesmo, ou na condição de igreja que intercede pelo mundo e anuncia as Boas Novas de Jesus (I Pe 2.9). Porque o papel de sacerdote no período da Lei, era representar o povo diante de Deus, oferecendo sacrifícios pelos pecados. Já no Novo Testamento, através do Sacrifico feito por Jesus na cruz do calvário cada cristão individualmente, é um sacerdote. O Escritor aos Hebreus escreve: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19,20). Cada pessoa tem autoridade, conferida pelo sangue de Jesus, a se apresentar diante de Deus, humildemente em oração e súplicas em favor da sua vida.

Os líderes fraudulentos se colocam entre Deus e as pessoas, dizendo assim serem eles o intermediário para a solução dos problemas alheios e que Deus, jamais vai ouvir a pessoa que se coloca diante Dele por si só. Assim, se aproveitam da ingenuidade de alguns e da esperteza de outros, que preferem não gozar de comunhão com o Senhor, pois existe entre eles e Deus alguém que pode representar-lhes, sem que ele ou ela, tenha necessidade de mudar de vida. Por isso, ambos tem parte nesse negócio. É o ditado antigo que diz: “Você finge que me engana que eu finjo que acredito”. Com isso, o importante é que meus desejos sejam realizados, sem que haja mudanças.

As pessoas precisam ser libertas dessas correntes religiosas que manipulam e escravizam, em nome de personalidades pecadoras que se colocam entre Deus e os homens, atraindo para si glórias que nunca lhe foram conferidas. Não se deixe enganar, não existe outro mediador entre nós e Deus, se não, “Jesus Cristo, homem” (I Tm 2.5), e essa verdade deve ser libertadora para aqueles que desejam viver uma vida cristã longe das fraudes em nome do Evangelho.

Quero sinceramente que esse quadro mude e que a Igreja de modo geral, possa se posicionar com muitas vozes, contra toda essa picaretagem em nome da fé. Hoje existem muitos meios de comunicação que podem somar-se ao grito de chega, que está multiplicando entre a Igreja de Cristo.

Paz seja convosco!

André Santos




[1] YANCEY, Philip e STAFFORD, Tim. Desventuras da Vida Cristã, Editora: MC, p.39.40.
[2] DORNAS, Lécio. Ganhe Com as Perdas. Ed. Mk, p. 11.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Respostas da Universal e Rede Record as acusações

Shalom!

Como postei aqui as acusações do Ministério Público contra Edir Macedo, veiculadas pela Rede Globo de Televisão no dia 11 de Agosto de 2009, não posso deixar de publicar as respostas dadas pela Universal e Rede Record veiculadas no dia 12 de Agosto de 2009.



No fundo, sabemos que igreja mesmo não tem nada a ver com isso.

Paz seja convosco!

André Santos
www.andressantos.com

Qual tipo de linguagem estamos usando?


Shalom!

Tenho refletido sobre a linguagem que temos a cada dia usado para nos dirigirmos às pessoas dentro e fora da igreja. Fico me perguntando, será que realmente temos falando de forma que elas possam entender? A cada dia percebo que essa linguagem está mais caracterizada com uma falsa esperança revestida de uma religião pragmática.

Estamos usando um linguajar que no lugar de ajudarmos as pessoas, estamos às vezes as confundindo mais. Uma forma de falar que, no lugar de atrairmos, acaba levando as pessoas para longe da verdade. A Teologia da Prosperidade ganhou espaço e irrompeu com força dentro das igrejas cristãs. Ela tem sido difundida com promessas e mais promessas imediatistas que se realmente fossem verdade, todos os simpatizantes do evangelho já estariam com a vida completamente resolvida.

Já tinha parado algumas vezes para rever meus conceitos, desde que havia ingressado no seminário, porém uma das coisas que mais me fizeram refletir sobre os males causados por essas promessas imediatas e frases sem conexão com a realidade, foi em um culto, onde estávamos reunidos e alguém disse para uma irmã: Hoje é o dia da sua vitória. Ao findar o culto, ela me procurou e perguntou o que realmente era a vitória? Eu lhe respondi que depende e muito. Então ela, que havia sido abandonada pelo esposo, que lhe deixara, com dois filhos para criar, me disse: “Para mim a minha vitória é o meu esposo voltar para casa”! Confesso que as suas palavras me comoveram e me despedaçaram. E realmente o esposo não voltou, pelo menos por aqueles dias.

Acredito que seria vão tentar explicar para uma mulher completamente ferida pelas circunstâncias da vida, que Deus queria ensiná-la alguma coisa nesse sofrimento, porque na verdade, à priori, não era isso que ela precisava ouvir. E seguindo a Bíblia, seria mais correto chorar com os que choram.

Já estive conversando com muitas pessoas que estão vivendo uma crise existencial por causa de frases decoradas repetidas por alguns cristãos, palavras sem sentido, promessas irreais e falsas esperanças. Pessoas que foram abordadas por supostos “animadores” que na verdade, causaram mais confusão no lugar de dar orientação, duvida no lugar de esclarecimento, fardo no lugar de alivio, maldição no lugar de benção.

Acredito que precisamos ser mais francos com as pessoas e dizermos para elas que a vida é difícil e que enquanto não passarmos dessa vida para a outra, não haverá descanso nas labutas, não faltarão desencontros, mas a Boa Notícia é que nunca estaremos sós, Jesus de Nazaré estará conosco nessa jornada.

Precisamos “desmecanizar” o nosso linguajar para um linguajar mais apropriado para a vida e ainda mais, sermos a verdadeira expressão do amor de Deus. Encarnar as nossas palavras. As pessoas não são parte de um processo que deveria ser mecanizado e nem são uma parte do processo que envolve as nossas vidas em particular. Não! As pessoas são o processo em si mesmo. Por esse motivo elas precisam entender o que estamos dizendo. Não podemos ignorar o fato que as pessoas são o alvo da cruz de Cristo. Foi pelas pessoas, isso mesmo, por gente, que Jesus deu a sua vida na cruz do calvário.

Para isso precisamos entender que estamos lidando com pessoas que tem necessidades, objetivos, frustrações, decepções, dúvidas, encantos, sonhos e idéias. Então, devemos usar uma linguagem do cotidiano, uma linguagem inteligível, sem abstrações. Eugene H. Peterson, diz que às vezes usamos uma linguagem propagandeira, que mais parece esta direcionada a um público desconexo. Ele diz: “É uma linguagem apropriada para multidões de desconhecidos, mas de utilidade duvidosa para transmitir um conteúdo pessoal...”.[1]

Penso que a maioria das pessoas que vão as nossas igrejas acham que nós não somos seres humanos, que não enfrentamos problemas, dificuldades, tentações, desilusões, dores e sofrimentos. Alguns filósofos do passado chegaram a insinuar que a religião no lugar de ajudar as pessoas, as infantilizava. Em vez de ajudar as pessoas a enfrentar a realidade com galhardia, transfere isso apenas uma esperança ilusória.

Como cristãos que somos, devemos nos despir da sabedoria desse século, das frases desconexas com a realidade, do ufanismo religioso que estamos imersos, da vulgarização do sagrado, da linguagem imediatista e ilusória para uma linguagem mais humana e realista, como Jesus o fez. Podemos fazer o que a Bíblia Sagrada nos propõem, usar a linguagem que Jesus usou. E, Paulo deixa isso bem claro, quando diz: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2.5-8).

Qual é a proposta? Jesus se humanizou. E nós também precisamos usar uma linguagem mais humana, que saiba lidar com as aflições e as desventuras das pessoas. Sem circunlóquios e sem emendas, sem falsas esperanças e sem ilusões, sem imediatismo e embustes.

Qual o tipo linguagem estamos usando? Uma linguagem bem distante da realidade das pessoas do nosso século, impregnada de fantasias ufanista.

Qual a linguagem precisamos usar? Uma linguagem de gente para gente, de pessoa para pessoa, que encaram a vida como Jesus encarou e não fugiu de nenhum dos dramas que a humanidade enfrenta, nem do seu tempo nem do nosso. Jesus levou as pessoas a sério. E, até os dias atuais, os sofrimentos não mudaram, mas o mesmo Jesus se compadece de todos dizendo: “...Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33).


Paz seja convosco!

André Santos



[1] PETERSON, Eugene H. A Maldição do Cristo Genérico, São Paulo, Ed. Mundo Cristão, 2007, ps. 255,256.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Não deixe de lutar


Shalom!

Não deixe de lutar em meio aos embates da vida
Mesmo que a fatiga tente lhe consumir
Continue, haverá uma esperança;
Se parecer que não dá, mesmo assim acredite.
Vencedores não são necessariamente quem ganha todas as batalhas
Mas sim aqueles que continuam lutando.

Paz seja convosco!

André Santos

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Acusações contra Edir Macedo

Shalom!

Essa reportagem foi levada ao ar no dia 11 de Agosto de 2009 pela Rede Globo de Televisão, no Jornal Nacional.



Antes de qualquer julgamento, é melhor esperar e vê se o Ministério Público tem provas concretas. No demais, segue as palavras de Paulo:

"Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo" (I Coríntios 3.11-15).


Paz seja convosco!

André Santos

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Uma Viva Esperança

Shalom!

Os dias em que vivemos são dias de tensas crises. Fala-se muito em crise financeira, porém, existe uma forte crise existencial que atingiu não somente a nossa existência quanto pessoa, mas também, a nossa existência quanto igreja.

A desconstrução e construção da fé têm acontecido de forma tão conjunta que muitos estão abatidos, achando não haver mais esperança. A bem da verdade é que as máscaras da teologia da prosperidade tem caído, e já não é qualquer um que engole mais os discursos cheios de fantasias e presunções.

A muito, o Pentecostalismo e alguns dos reformados, acabaram cedendo espaço para que muitas aberrações invadissem o Evangelho, fazendo uma mistura terrível e assustadora. Sincretismos religiosos, apetrechos, e tantas e tantas coisas foram sendo empurrados goela abaixo. Hoje, há muitas pessoas frustradas sem conseguir enxergar um palmo à frente na vida espiritual, confundido denominações com o genuíno Cristianismo, pastores com mercadejadores da fé e Jesus com Césares, que davam “pão e circo” para o povo.

Nesse tempo, é bom lembrar o que o apóstolo Pedro escreveu para os irmãos que estavam vivendo dispersos por diversas regiões devido à perseguição aos cristãos por conservarem a fé verdadeira em Jesus enquanto outros adoravam os imperadores-deuses, quando disse: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (I Pe 1.3).

Essa viva esperança mencionada por Pedro é que nos faz conservar na verdade em tempos assim. Mesmo enfrentando tribulações, privações e provações, a esperança, se manifesta de forma mais intensa em tempos assim, de dificuldades e infortúnios.

No outro lado, está uma esperança morta, porque faz com que as pessoas se rendam as chavões da fé, que enganam, aos encantamentos, as fábulas que tem poder momentâneo carregados de eufemismo. Uma esperança morta faz com que as pessoas busquem desesperadamente prosperidade nas mega-campanhas que prometem mundos e fundos em troca de ofertas financeiras exorbitantes. Uma esperança morta faz com que as pessoas vivam o ministério da carne, buscando a satisfação imediata dos seus apetites e das suas cobiças.

Mas Pedro alertou que aqueles que estão enfrentando dificuldades e privações estão para além desses entraves. Sim! Ele disse que Deus nos regenerou para uma “viva esperança”. Essa viva esperança nos faz entender que no meio do caos, Deus continua sendo Deus. Que a semente da autentica fé continua produzindo raízes e frutificando nos corações daqueles que Jesus chamou de “boa terra” (Mt 13.23).

Uma viva esperança tem consciência que a despeito dos mercadejadores da fé, ainda existem profetas de Deus que ousam a clamar nos desertos. Uma viva esperança nos faz lembrar que Jesus não ofereceu privilégios aos seus seguidores e nem prometeu que o seu Reino era daqui. Pelo contrário foi pronto em afirmar: “meu Reino não é desse mundo”. Ele nos ensinou a ressignificar a vida a partir dos princípios do Reino de Deus, um Reino de paz, justiça e alegria no Espírito Santo.

Que nesse tempo onde o vento tem “soprado” sobre a Igreja, possamos manter essa viva esperança ardendo em nossos corações, pedindo que o Espírito Santo nos dê discernimento no meio dos furacões que tem arrastado muitos a uma esperança morta e abraçarem o ministério da carne.

Uma viva esperança será notória naqueles que realmente foram regenerados pelo Deus Pai, de nosso Senhor Jesus Cristo.

Paz seja convosco!

André Santos

domingo, 9 de agosto de 2009

Pensamentos e realidade

Shalom!

Se você ousar ir contra o mundo, você será chamado de antiquado.
Se você ousar ir contra o sistema religioso, você será chamado de subversivo.
Se você ousar em pensar fora da “caixa” você será chamado de herético.
Se você ousar a mudar, será chamado de descartável.

Paz seja convosco!

André Santos

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nascimento de uma comunidade

Shalom!

Participar do nascimento de uma comunidade (igreja) não é uma tarefa simples. Na verdade, esse momento se torna ao mesmo que sublime, desafiador e fadigoso.

Quando iniciamos um trabalho, nós temos diversos públicos envolvidos. Primeiro, os antigos religiosos, aqueles que freqüentaram igrejas na sua vida pregressa e criaram um conceito de igreja que nem mesmo eles conseguem se encaixar, tanto é que estão de fora e agora, novamente começam a tentar caminhar, mas com exigências dos antigos modelos. Segundo, temos aqueles que de alguma forma já tiveram contato com o Evangelho, mas de forma muito superficial. Alguns têm familiares cristãos, outros tem amigos, já outros, fizeram algum tipo de visita em oportunidades diversas, mas de forma geral, nunca frequentaram uma comunidade cristã e mal compreende os princípios elementares da fé. Esses precisam, mais do que nunca serem discipulados. Terceiro, temos aqueles que estão se achegando, que nunca tiveram a oportunidade de frequentar uma comunidade cristã e nem tiveram contato com a Boa Notícia de Deus para os homens e não compreende a essência da proposta real de uma igreja.

Nesse período do estabelecimento de uma igreja, se torna importante três coisas fundamentais para que a nova comunidade cristã possa ao menos começar a tomar forma.

Em primeiro lugar, é necessário derrubar conceitos e sofismas criados a partir de ideologias equivocadas. As pessoas precisam entender que nem toda experiência religiosa do passado tem que estar certa. Às vezes o modelo arcaico que feriu, continua ferindo a mente e o coração de muitos, que ainda tem como meta ou desafio, sobrepujar-se e mostrar que são capazes de viver naquele antigo modelo. Muitos o fazem de forma inconsciente, apenas por serem reféns do próprio conceito opressor de outrora. Porém, esses tipos de pensamentos e conceitos pré-estabelecidos, só podem ser aniquilados com o conhecimento de Deus.

Quando as pessoas são expostas à verdade da Palavra, o impacto que causa a princípio é de negação daquela verdade, pois muitos tinham como verdade, “aquilo que aprenderam”, mas depois de confrontadas, podem ser libertas de tais conceitos. Ao escrever à Igreja de Coríntios, o apóstolo Paulo, fala da maneira como vencer as fortalezas da altivez religiosa e conceitual quando diz: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; destruído os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (II Co 10.4,5).

Em segundo lugar, precisamos oferecer um discipulado de estudo e convivência em comunidade. Acho que um dos maiores fracassos ligados ao discipulado em nossos dias, não seja apenas na qualidade dos ensinos ministrados, mas principalmente no tempo despendido no discipulado. Jesus investiu muito mais do que ensino teórico nas pessoas, ele investiu também ensino prático e o seu tempo. Por esse motivo, uma das maneiras mais eficaz é de viver em comunidade, estar na companhia das pessoas, passarmos mais tempo juntos. Esse é um dos grandes desafios que nem todos estão dispostos a assumir. Era comum ver Jesus nas casas (Mt 8.14; Mt 9.10; 13.36; Lc 19.5), nas festas (Jo 2.2; 10.23, 12.2), nas ruas (Lc 8.4), nos montes (Mt 5.1; 15.29,30), no templo (Mt 21.12; Mc 11.15), mas sempre na companhia dos seus discípulos.

Oferecer um cristianismo de transformação implica em conviver com as pessoas lhes expondo não somente aos triunfos de nossa vida cotidiana, mas também de nossas carências, inclinações e mazelas, tanto como cristão, quanto discipuladores. As pessoas precisam conviver com gente que seja humanas como elas são, não apenas com caricaturas ou modelos pré-fixados, ou com lideres com dotes ou personagens criados apenas na mente de pessoas cheias de expectativas equivocadas.

Por último, as pessoas precisam saber que elas (nós) é quem necessitam de Deus. Uma igreja que nasce em uma cidade é para o bem das pessoas que se achegam, e também da cidade.
Uma das coisas mais enganosas e sutis é quando vemos as pessoas lidando com uma igreja, como se elas estivessem fazendo um favor para Deus ou para os ministros de Deus. Certa vez, ouvi um pastor dizendo que um certo homem chegou à igreja onde ele pastoreia, dizendo que estava indo ali para ajudá-lo. Então ele respondeu de imediato: “você está vindo para cá, para eu lhe ajudar, eu estou aqui como pastor e ministro de Deus para lhe orientar, lhe apascentar”. A mensagem de Jesus ao iniciar seu ministério foi enfática: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 4.17). Quando Paulo e Barnabé entraram na cidade de Listra e viram quão idolatras eram o povo daquela cidade, a mensagem foi esta: “convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles” (At 14.15). Charles Spurgeon disse que nós devemos dizer para as pessoas o risco que elas estão correndo nesse mundo.

Essa consciência deve ser parceira das pessoas que se chegam a uma igreja, e nunca esquecer que Jesus veio para salvar os pecadores, dos quais nós fazemos parte. Um falsa piedade e auto-comiseração, sempre são caminhos alternativos para aqueles que não estão dispostos a colocar-se na condição de pecadores e carentes de Deus. Por isso, a mensagem do Evangelho, alerta as pessoas que Deus nos propõem em amor uma salvação que está para além de nós, mas que se inicia Nele, e que pode ser alcançada por aqueles que crer em seu Filho, Jesus Cristo, o qual nos limpa e nos purifica de toda a culpa, pecado e mancha do passado, nos proporcionando assim a oportunidade viver em novidade de vida.

Por isso, uma igreja que nasce em uma cidade é um sinal de que Deus não desistiu das pessoas, dos serem humanos, mas que nos chama de forma amorosa e ao mesmo tempo confrontante a aceitar a salvação que nos está proposta desde a fundação do mundo.

Paz seja convosco!

André Santos
andressantos.com