terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor

O natal está as portas em mais um ano. E, Sempre que se fala em natal, vemos a correria desenfreada de nossa sociedade consumista procurando formas e mais formas de ostentação. Querem ostentar aquilo que não conseguiram ser o ano todo. As pessoas procuram se apresentar de forma bela, encantadoras, roupas elegantes, faz se de tudo para impressionar também com os presentes que são oferecidos.

O natal é uma grande oportunidade também para um anúncio mais enfático da mensagem cristã, onde ao menos, o mundo ocidental reconhece como a data do nascimento de Jesus Cristo. Nessa que poderia ser uma data apenas para ostentação e falsa devoção, nós podemos trazer a memória que o nascimento de Jesus implica em uma nova esperança para toda história da humanidade. Tudo passa ser antes e depois dele!

Infelizmente, nem todos sabem do paganismo que envolve essa data também, com uma propensa inclinação para devoção e esperança juvenil em “papai Noel”. Mas não podemos ignorar o fato de que nessa data, os corações estão um pouco mais abertos a mensagem Cristã.

Talvez seja essa a oportunidade de anunciar ao mundo a mensagem completa que declarou o anjo aos pastores “...Não tenham medo. Estou trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10,11).

O mundo tem um Salvador! Essa é a mensagem mais magnânima que se possa dar a qualquer geração. O mundo que está mergulhado em uma decadência e egoísmo, um mundo que tem falta de amor, agora tem um salvador, que pode sim salvar-nos da nossa vã maneira de viver.

No natal, pode se reacender a esperança do fraco, do abatido, do pobre, do abandonado, do rejeitado, dos escravos, dos marginalizados, das viúvas abandonadas. Agora temos um salvador! O nascimento de Jesus trouxe esperança, assim como a cruz nos aponta para a possibilidade da ressurreição, não só na eternidade, mas diariamente.

Aproveitamos a oportunidade para reconciliar, estar ao lado daqueles que amamos, se possível for, aplicar o nosso amor, as nossas energias em construir, juntar, plantar e abraçar e viver a esperança em torno de Jesus.

Natal é muito mais que uma festa de ostentações ou paganismo, Natal também pode fazer sentido se aprendermos a ressignificar e viver o que Paulo disse: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1.27).

Paz seja convosco!
André Santos

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O legalismo e seus desdobramentos

Uma das coisas mais difíceis que existem na caminhada cristã e tenho descoberto no decorrer dos anos, é deixar de ser legalista. Não é do dia para a noite que uma pessoa deixa para trás antigas formas de pensar e agir que lhes foram inculcadas durante anos.

Na prática, todos guardam um pouquinho de legalismo e tem dificuldades extremas de livrar-se de tais pensamentos e atitudes que os tornam legalista. Mas o que é legalismo?
Segundo C.J. Mahaney, legalismo é “...quando alicerçamos o relacionamento com Deus em nosso desempenho[...]legalismo é pretender alcançar o perdão de Deus e sua aceitação por meio da obediência a ele”.1

No Dicionário Teológico da CPAD, Claudionor de Andrade, define o legalismo como: “Tendência a se reduzir a fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das observâncias, praticas e obrigações eclesiásticas”.2

O legalismo é um sério mal que se aloja na vida de muitas pessoas que são criados ou convertidos em seguimentos religiosos opressores e, não conseguem enxergar além das estruturas manipuladoras em que foram gerados. O legalismo é um mal que precisa ser erradicado pela graça e pela misericórdia de Deus.

Não são poucas pessoas que se vêem presas por armadilhas tenebrosas e laços que os impedem de viver uma vida plena, com liberdade diante de Deus e da sociedade em que vivem, pois a grande maioria dos oprimidos são reféns de um sistema de leis e regras que nascem dos ideais autoritários, arbitrários e manipulador, e não do Espírito de Deus.

O apóstolo Paulo teve que intervir na igreja de Gálatas com um discurso veementemente contundente. Aqueles nobres irmãos tornaram-se insensatos (Gl 3.1), porque depois de ouvirem o Evangelho de Cristo, preferiram dar ouvidos a homens que os induziam a um “outro” evangelho, um evangelho falso misturado com a lei, que no lugar de gerar vida, gerava morte. No capítulo 3 da epístola, Paulo é taxativo, ele não trata do assunto de forma amena, pelo contrário, ele escreve dizendo: “Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo expostos crucificado? Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sóis assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” (Gl 3.1-3).

As palavras do apóstolo expressam a indignação em lidar com um assunto que deveria ter sido muito bem absorvido pelos crentes de gálatas. Porém, o Evangelho de Cristo estava agora ocupando um segundo plano, sendo posto de lado pelos amantes das regras.

É um grande perigo quando o Evangelho é subjugado a práticas de preceitos e regras religiosas, e passa a figurar em um lugar menos elevado na fé cristã, pois o grande mal do legalismo é achar que as suas obras são “o suficiente” para salvar-se a si mesmo, anulando assim, o sacrifício da cruz de Cristo e desprezando a graça de Deus, esquecendo-se assim o que o apóstolo Paulo escreveu aos irmãos de Éfeso dizendo: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).

O próprio Senhor Jesus Cristo, repreendeu os religiosos fariseus de sua época por suas atitudes próprias de legalismo fantasiado de piedade. Chamou-os de hipócritas e afirmou dizendo: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando” (Mt 23.13).

O legalismo traz consigo sérias conseqüências e desdobramentos difíceis de serem revertidos. Muitas igrejas consideram importantes as atitudes legalistas, pois permitem que os membros controlem uns aos outros pelas atitudes exteriores, apresentando personagem que em torno de um grande publico até encanta, mas por detrás das cortinas, causa perplexidade. Esquecemos às vezes, que o coração humano, homem nenhum, pode legislar (Jr 17.9), e que na maioria das vezes, por detrás de atitudes legalistas, esconde-se ódio, competitividade, vaidades, invejas, pré-conceitos raciais, injustiça social, mentiras, manipulações religiosas e tantas outras coisas que estão alojadas nos porões da alma.

O grande problema do legalismo é que ele gera vítimas, vítimas de um sistema esmagador e falto de misericórdia. Um sistema que no lugar de chamar a liberdade, nos chama a escravidão das regras e nos distância do amor de Deus. Nos torna dependentes das nossas boas obras, revestida pelo verniz da hipocrisia e da comparação com o próximo, que nos faz sentir melhor, quando pensamos que encontramos alguém que está “pior” que a gente.

Existem pessoas que tentaram sair de sistemas legalistas e não obtiveram sucesso. Alguns vivem desorientados, sem participar de comunidade alguma, não conseguindo se encaixar em lugar algum, amaldiçoando a tudo e todos, e dizendo que preferem viver sem fazer parte de qualquer igreja. Muitos também optam em se “esconder” nas grandes comunidades, onde quase que passam desapercebidos, se não fosse pelo descontentamento e crítica a maneira da igreja seguir, que de modo óbvio, não se encaixa na sua lógica legalista. Já outros, continuam sendo prisioneiros do sistema, mesmo estando longe de uma comunidade de fé, não se aceitando, não querendo fazer parte, porque acham que é “melhor seguir sem rumo, do que ser cristão de qualquer maneira”. Foram contaminados e não conseguem voltar.

Na verdade, por trás dessa fachada, esconde-se alguém, carente do verdadeiro amor de Deus e de pessoas sinceras, mas que ainda, não entendeu nenhum dos vislumbres da graça, apenas, a respeito da lei. Vivem desconfiando de todos e achando que todos são indignos por não se enquadrarem em suas maneiras de pensar, como escreve Brennan Manning: “Numa religião legalista, a tendência é desconfiar de Deus, desconfiar dos outros e, conseqüentemente, desconfiar de nós mesmos”.

O legalismo nos ensina a julgar sem amor, sem perdão, sem discernimento ou justiça. O legalismo nos embrutece e tenta nos fazer crer que o Deus da Bíblia se encaixa em nossos moldes de divindade, que avaliam homens e mulheres segundo os padrões de perfeição desse mundo, não segundo Cristo. O pastor e escritor Ricardo Gondim, escreve no livro É Proibido que muitas pessoas confundem santidade com o fato de ir deixando para trás algumas coisas que antes praticavam e assim afirmam serem santos, então, ele escreve dizendo: “...Se for assim haverá sempre o perigo das pessoas dizerem: Pronto, deixei isso- e agora? Sou santo? Não! Você é religiosamente bem trabalhado, mas não santo...”.3

O Deus da Bíblia é o Pai amoroso que dá a vida de seu filho para nos libertar da escravidão da lei, do mundo e dos processos de destruição que nós também alimentamos, afinal, já afirma o apóstolo Tiago: “Pois qualquer que guarda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg 2.10).

O legalismo opõem-se contra a verdadeira liberdade cristã, proposta por Jesus de Nazaré. A libertação das estruturas de opressão e maldade desse mundo cruel e impiedoso. Em uma sociedade sobrecarregada, a igreja precisa apresentar Jesus e não lançar fardos e mais peso sobre aqueles que estão cambaleando com suas culpas e desacertos.

O convite de Jesus ainda é: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11.28,29).

É triste ver pessoas, alguns colocando mais jugos e outros recebendo em um processo de morte sem precedentes, sem perceber os desdobramentos que isso pode gerar. Em sua maioria gerando cristãos fracos e castos de amor.

Se alguém procura uma igreja, é um sinal que querem ser transformadas, mas só o poderão, quando forem apresentadas ao Cristo descrito no Evangelho. O Evangelho de Jesus transforma por si só, e aquilo que realmente precisa ser transformado. Regras e normas nos moldam com características de religiosos, nos torna tão hipócrita quanto os fariseus, aos quais disse Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança” (Mt 23.25).

Não precisa nascer outra igreja, ela já está ai, pintando as cores reais do Reino de Deus no mundo, oferecendo a mão ao caído, o abraço e acolhimento ao desamparado e aflito, ajuda espiritual aos que querem deixar a vida insensata e precisa de um norte, um Caminho a seguir. Um porto seguro onde os fracassados, derrotados, marginalizados, rejeitados e oprimidos possam se ancorar.

O legalismo só pode ser aniquilado quando estivermos dispostos a fazê-lo com a arma mais contrária a ele, o amor. Esse amor revelado na cruz através de Jesus! O único que é capaz de nos constranger. Philip Yancey disse: “A igreja é um farol da graça ao resto do mundo, não uma fortaleza de legalismo”.4

Assuma compromissos que gere vida e não morte, abandonando todo processo que destrua o outro e rejeite o próximo em nome da religião.

Paz seja convosco!
André Santos

1. MAHANEY, C.J. O Segredo da vida ao pé da cruz, Editora Vida, 2002. p. 27 e 30.
2. ANDRADE, Claudionor de, Dicionário Teológico. Editora CPAD, 2002, p. 203.
3. GONDIM, Ricardo. É Proibido. Editora Mundo Cristão, p.171.
4. YANCEY, Philip. Igreja, Por que me importar? Editora Vida Nova, 2006, p. 63

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Não desista

A perseverança e a constância sempre fizeram parte daqueles que traçaram grandes objetivos para Deus. Mesmo tendo que enfrentar o desânimo e muitas vezes o lodo da incerteza, seguiram até o fim, sem desistir. O exemplo do paralítico que estava à beira do tanque de Betesda é clássico (João 5.1-8). Um homem inválido e desenganado à 38 anos, mas que permaneceu ali, até Jesus encontrá-lo e restaurar sua sorte. Anos e anos se passaram, mas ele continuou seguro em seu alvo.

Não desista, continue, levante a cabeça, creia que Jesus sempre tem a última palavra e nunca nos deixa só. Se alguma coisa der errado, pode ter certeza que Ele lhe dará forças para começar tudo novamente. Já disse Ted W. Engstron: “A maior satisfação vem de perseguir o alvo, e não simplesmente de alcançá-lo”.

Paz seja convosco!

André Santos

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Choro que Deus ouve

Pela segunda vez Hagar sai da casa de Abraão de forma conturbada. Na primeira vez que isso aconteceu, ela ainda estava com seu filho Ismael no ventre, fruto das manipulações de Sara e Abraão para gerar um filho que fosse, o filho da promessa. Porém, Deus visitou Hagar no deserto, a consolou e ordenou que Hagar voltasse para casa de sua senhora e se submetesse a ela (Gêneses 16.1-15).

Na segunda partida de Hagar (Gêneses 21.1ss), Deus não dá a mesma ordem, afinal, ela agora foi jogada para fora, e, continua errante no seu caminho, só que dessa vez ela não está com seu filho no ventre, mas ele já nascera, é um menino, ele está com idade entre 11 a 13 anos, e, ambos estão em uma estrada escusa, cheia de perigos, armadilhas e incertezas. Hagar desiste da vida, a única água que lhe restara findou-se, deixa o seu filho distante para não ver o fruto do seu ventre morrer sem nada poder fazer. Então Hagar chora.

Mas um fato ocorre nesse drama que não passa desapercebido, o menino também chora, brada com desespero, o medo do oculto faz a criança derramar as lágrimas da alma. A Bíblia Sagrada chama atenção para algo que ocorre na seqüência, dizendo: “Deus ouviu o choro do menino” (Gêneses 21.17).

O choro do menino é algo que se destaca, não pelo fato de uma criança estar apenas chorando, mas pelo fato do choro da criança não ter nada a ver com os choros dos adultos, ou quase nada. Vez por outra, os nossos choros são carregados de amargura, autocomiseração, mácula, justiça própria. Choros que são mais marcados pela ira do que pelo quebrantamento ou pelo clamor legítimo da alma sedenta.

Hagar certamente tinha seus motivos para ter saído da casa de Abraão, tendo em vista que sua senhora a maltratava e agora ela tinha um filho para cuidar e criar. Mas além da criança, Hagar está envolvida em um jogo de disputa, poder, paixão, herança, é um jogo de emoções afloradas, luta por conquista de um espaço que talvez nunca lhe pertenceu. É o jogo que gostamos de chamar de vida, porque a fazemos assim.

Hagar sai com seu filho, sem ter um destino certo, virou andante no deserto de Berseba. Sabe-se apenas que ela estava em desespero, foi expulsa pela sua senhora, precisa ir, mas sem saber para onde. Mãe e filho choram, choram porque na estrada da vida, ninguém é poupado das lágrimas, sejam elas justas aos nossos próprios olhos ou não. Mas a verdade linda por trás da trama é que “Deus ouviu o choro do menino”.

O choro do menino é o choro da sinceridade, é o choro de quem precisa de colo, de ajuda, é o choro do desejo de amparo, é o choro da nossa criança interior, clamando pelas necessidades reais da alma, do coração. O choro do menino representa o choro das necessidades verdadeiras, assim como cada um de nós quando choramos com o coração “rasgado” diante de Deus.

O choro de Ismael não está ligado ao sentimento ressentido pela vingança mal sucedida ou pela perca de poder, o choro dele não está atrelado ao grito daquele que chora com ira, mas sim do interior verdadeiro de cada um de nós que clama, Aba!

Ainda que canalizemos todas as nossas energias em coisas sem sentido real para a vida, o choro que está em nós é o choro do coração que precisa ser preenchido pelo amor do Deus misericordioso que não desampara os que têm um coração quebrantado e contrito (Salmo 51.17).
Quem tem um coração camuflado pelas fantasias da cosmovisão desse mundo, cheio de vaidades, disputa de poder e espaço, e não consegue se assumir como pessoa, viverá a vida com seus choros abafados pelo egoísmo e sem ter nenhum consolo.

O meu convite é para que deixemos a nossa alma chorar o choro verdadeiro, identificando que necessitamos mais e mais de Deus e não das coisas que supomos precisar. Permita que a criança interior se derrame diante do Pai dizendo: Aba, Pai!

Nele, somente Nele, somos acolhidos com amor e proteção, Ele e só Ele, é Aquele que disse: “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus” (Mateus 18.3), Ele pode ouvir o choro secreto de nossa alma carente e sedenta.

Paz seja convosco!
André Santos

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Milagre das Mãos Vazias

Dar um sorriso,
quando em nós só há trevas.

Dar amor, quando o próprio amor foi desenganado.

Dar apoio e segurança, quando se está sofrendo a pior das solidões.

Dar conforto, quando se está desconsolado.

Dar ânimo e coragem, quando se tem vontade de abandonar tudo.

Matar a sede dos outros, quando em si há desertos.

Ser chama, quando em si não há fogo.

Ser luz, quando em si há trevas.

Ser tudo para todos, quando não se é nada para si mesmo.

Ajudar a todos, mesmo sem nunca ter recebido um obrigado.

Olhar com amor, mesmo sendo visto com desdém e indiferença.

Amar a todos, mesmo sem ser amado por ninguém.

Proporcionar alegria, mesmo quando se está imerso em mares de tristezas, de dor, de lágrimas.

Isto é o milagre das mãos vazias!


Autor: Padre Juca

Recebi esse texto da minha esposa na época que ainda éramos apenas namorados. Ela disse com um olhar meigo, que via isso na vida daqueles que foram chamados para servir a Jesus em meio a tantas dificuldades que a vida nos impõem. E posso perceber a cada dia que isso é verdadeiro na prática.

Paz seja convosco!
André Santos

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Livra-nos do mal

"Os impostores se preocupam com a aceitação e a aprovação. Por causa da sufocante necessidade de agradar outros, não conseguem dizer não com a mesma confiança que dizem sim. Por isso fazem das pessoas, dos projetos e das causas uma extensão de si mesmos, motivados não pelo comprometimento pessoal, mas pelo medo de não atingir as expectativas dos outros".

Brennan Manning, em O Impostor Que Vive Em Mim, Editora Mundo Cristão, p. 17.

Paz seja convosco!
André Santos

Igreja que podemos ser

"A igreja não pode ter uma mensagem condenatória, no mundo de crise, precisamos de pessoas norteadoras, precisamos de referenciais, precisamos de luzes, de homens de Deus que tenham não a envergadura da intelectualidade materialista, mas do Espírito Santo; condenado o mundo já está, mas temos que fazer como a palavra de Deus nos diz em Pv 24.11: “Livra os que estão destinados à morte e salva os que são levados para a matança, se os puderes retirar”.

Retirado do livro: Lindando Com as Crises da Vida, P. 73

Paz seja convosco!

André Santos

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Deus não comunga com os triunfos dos soberbos

Conta-se na tradição que os imperadores romanos enviavam as suas legiões de soldados para as batalhas sempre na liderança de um comandante. Todas as vezes que o exército voltava com a vitória, havia uma cerimônia civil onde o comandante era publicamente homenageado e eram exibidas as glórias das vitórias romanas. Essa cerimônia tinha o nome de triunfo. Em nossa cultura atual, esse termo ganhou o cunho de vitória.

Na história vemos vários registros de triunfos, desde a história antiga, medieval e moderna. Em diversos segmentos homens, mulheres, exércitos, reis, imperadores, enfim, um número infindo de pessoas que obtiveram vitórias magníficas ao longo dos anos.

Mas uma coisa fica muito claro na história, Deus não comunga com o triunfo dos soberbos. Deus não se agrada do triunfo daqueles se exaltam diante das vitórias.

Se buscarmos, veremos que todos os reinos desse mundo passam. O que não dizer do reinado de Alexandre o Grande (séc. IV a.C), a marca que ele deixou na história é inegável, mas o seu reino passou. Imperados romanos tais como Nero (séc. I d.C) que governou de forma tirana, a um Constantino que governou de forma mais pacífica, sem contar o general Tito (séc. I a.C), famoso por ser o líder do massacre de Jerusalém, todos eles passaram.

Temos na Bíblia Sagrada, vários exemplos daqueles que foram soberbos diante de vitórias que não lhes pertenciam à glória. Saul é um desses exemplos. Em (I Sm 15.13-21) ele cometeu alguns equívocos quando achou que poderia fazer o que bem entendia diante de uma vitória. Achava que em seus triunfos, seu nome deveria ser tributado. O que não dizer também do rei Belsazar (Dn 5) que usou os utensílios da Casa do Senhor, que seu pai Nabucodonosor havia trazido de Jerusalém, em uma de suas festas pagã. Deus não se agradou deles.

Quando os triunfos vierem em nossas vidas, nunca podemos esquecer que a glória pertence a Deus. Seja em que área for, não podemos achar que nossas vitórias nos glorificam e nem servem de status de vingança como que dizendo: “Ta vendo que Deus é por mim?”. Nunca em nossos triunfos, devemos colocar o “dedo em riste” no rosto do próximo, mesmo aqueles que achamos que nos feriram e dizermos: “Você está vendo aqui o que aconteceu comigo?” Nunca nos esqueçamos que somos dependentes de Deus e que sem a graça Dele não podemos nos mover ou viver.

Se um dia, as portas forem se abrindo no seu caminho, as coisas começarem acontecer, o sol da justiça nascer sobre a tua vida, nunca escarneça dos que supostamente não acreditem em você, não deixe que a soberba cresça em seu coração. Peça a Deus graça para que possa humildemente se porta diante dos triunfos, das vitórias obtidas no caminho.

Os triunfos dos soberbos, dos humildes, sempre terminam da mesma forma, mas a grande diferença está em quem é glorificado e que tipo de rastro deixamos na história.

Que aprendamos a caminhar como caminhou Jesus de Nazaré que sempre deu glórias a Deus em todas as suas obras e em todas as vitórias. Faça como Paulo que diante das mais difíceis situações que sobrepujou disse: “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar o cheiro do seu conhecimento” (II Co 2.14).

Paz seja convosco!

André Santos

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Parecidos com Jesus

Ao lermos os Evangelhos, é deslumbrante considerar, como os marginalizados sentiam-se bem ao lado de Jesus. É verdade que as pessoas mais indignas que encontramos, relatadas nesses textos, sentiam-se atraídas e aceitas, pelo Filho do Homem.

É importante notar que Jesus não adoçava a mensagem com uma dose eufemismo para fazer com que seu discurso soasse mais ameno. A sua mensagem era contundente, penetrante, os seus ouvintes eram profundamente tocados pelas suas palavras.

Pessoas e mais pessoas eram, transformadas, restauradas, constrangidas a mudar o curso contrário do que estavam seguindo. Jesus fazia com que os pecadores sentissem dignos, lhes proporcionava a oportunidade de recomeçar na estrada da vida, mesmo sendo escórias para a gente de sua época. Ele fazia com que pessoas sem história alguma, tivessem páginas em branco diante deles, prontas a serem escritas com a própria vida. Ele lhes mostravam quanto eles eram importantes, amados do Pai, queridos de um Deus que os convidava a dar sentido para a vida desconexa que levavam.

Vendo o exemplo de Jesus, fico observando, como é diferente o nosso modo de agir, a nossa maneira de ser. Vejo por exemplo dentro do contexto aonde vivo, muitas pessoas que se achegam a nós, não se sentido atraídas a permanecer, antes, repelidas. Em muitas ocasiões, a nossa maneira de quer fazer o cristianismo funcionar aos nossos moldes, faz as pessoas se sentirem mais indignas ainda, se não piores. Algumas vezes apagamos o pavio que fumega e trilhamos a cana esmagada, com tanto legalismo e farisaísmo disfarçado de piedade.

Em muitas ocasiões, nos portamos como bons mocinhos e mocinhas, sem reconhecer que somos todos pecadores, justificados pelo sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Na verdade precisamos oferecer a autêntica compaixão e a misericórdia, quando lembramos da realidade caótica de que viemos. A grande maioria das pessoas esquece que já tiveram que atravessar a dolosa via dos desacertos, das inadequações para caminhar o caminho que estão trilhando, e que misericórdia quero e não sacrifícios é tão atual como nos dias de Jesus.

O pecador precisa sentir-se confrontado pela mensagem do Evangelho no tocante ao seu estilo de vida, mas também precisa se sentir amado e acolhido por nós, assim como os pecadores sentiam-se imantados por Jesus.

Os ambientes que atraem pecadores são ambientes que gerem vida, onde o abandonado sinta-se acolhido, o mal amado encontre amor, solidariedade, compaixão e graça. A desprezada precisa se sentir querida e bem vinda em nosso meio, o desvalido valorizado, a culpada perdoada.

Foi assim que fomos aceitos, não pela nossa própria justiça, mas porque ele nos amou e nos abrigou como estávamos, pobres e perdidos, cegos para a vida e desfigurados para Deus.

Sejamos mais parecidos com Jesus, para que as pessoas entendam o que significa as palavras dele quando disse: “Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19.10).

Paz seja conosco!

André Santos

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Fazer missões é mais que um desafio

Fazer missões é mais que um desafio. É uma entrega total, onde não existe lugar para meias abdicações.

A vida missionária é cercada de incertezas que somente quem está no campo sabe das angústias, temores e perigos que envolvem esse pleito.

Quando alguém aceita o desafio de fazer missões, de ir ao campo, precisa ter consciência primaz de uma coisa, precisará contar principalmente com Deus. E de fato, em todos os sentidos.

Missionário nem sempre tem garantia de suprimento, acolhimento, aceitação ou credibilidade. Pelo contrário, o missionário precisa estar preparado para as dificuldades circunstâncias que só serão enfrentadas e sentidas por quem está lá.

Missionário precisa andar no dia a dia na esperança que o de amanhã, Deus proverá. Saber que as exigências são inúmeras, os gastos e investimentos são para além do que se imagina e nem sempre pode contar com os que o cercam.

Missionário precisa saber que nem todos entendem que eles têm necessidades emocionais. Precisa de amigos, pessoas verdadeiras que acolham sem hipocrisias e interesses. Ainda que para muitos, ter carências emocionais, é sinônimo de fraqueza, na Bíblia, entende-se que é sinônimo de humanidade.

Missionário precisa estar preparado para ser rechaçado por aqueles que receberão a mensagem, assim também como aqueles que ficaram do outro lado. Dificilmente as pessoas acham que alguém que procura atender o chamado de anunciar o Evangelho, o faz por vocação e não por conveniência.

Missionário precisa estar preparado para enfrentar a falta de credibilidade que as pessoas, o país, a cidade, as instituições religiosas, as agências de negócios terão dele. Nunca deve esperar que seja respeitado ou visto com bons olhos. Sempre será visto com desconfiança, suspeita, sempre será visto como alguém digno de receios.

Todavia, o missionário não pode tirar os olhos de Jesus. Porque ele foi o maior exemplo do que é viver uma vida de abnegação.

Entregou-se por nós, a ponto de depender de um colo materno e receber alimento diário, mesmo correndo o risco de morrer de inanição. Porque sabia que o Pai que lhe enviara, não o deixaria nas mãos dos homens.

Jesus em sua vida, várias vezes foi visto se retirando para lugares ermo, sozinho, pois apenas ali poderia abrir seu coração ao Pai, sem ser mal interpretado.

Muitas vezes, Ele se cercou de seus discípulos e amigos, não apenas para lhes ensinar com retóricas, mas para desfrutar o prazer de companhias verdadeiras.

Jesus falou para gente que não dava a mínima para o que ele tinha a dizer, gente que estava tão convicta que estavam certos, que não reconhecia que as palavras que proferia eram proféticas. Os seus, o rejeitaram e escarneceram dele na própria face.

A religião instituída da época não dera valor a sua pregação, as pessoas da sua geração queria apenas pão e peixe, o governo via em Jesus, alguém desprezível e infame.

Olhando para Jesus, não ficamos confundidos e sabemos que Ele nos deixou o exemplo para que venhamos abraçar a causa, confiantes no seu sustento, amor, cuidado, amparo e autenticação.

Paz seja convosco!

André Santos

domingo, 13 de setembro de 2009

Alguns dos meus critérios

Shalom!

Adotei alguns critérios em minha vida que procuro seguir. Luto diariamente para mantê-los e peço a Deus que os conserve dentro de mim. Espero sustentá-los. Pode não ter tanta relevância, mas está me ajudando a mudar. O que procuro não fazer:

- Não coloco foto minha com qualquer pessoa “famosa” para me promover. Prefiro ser conhecido por quem eu sou, em Jesus.
- Não uso da aproximação de pessoas de certa influência para galgar qualquer objetivo seja. É melhor caminhar em companhia dos anônimos do que vender a vida.
- Não faço alianças com gente de “poder” esperando receber alguma benesse para o Reino de Deus. Sendo assim, não seria o Reino de Deus.
- Não posto vídeos na Internet com nome de pessoas conhecidas para chamar atenção para mim. Acho isso falta de personalidade.
- Não quero criar uma personagem para aparecer em público. As pessoas que convivem comigo no dia a dia poderiam me tirar "a máscara".
- Não exponho pessoas que vão à frente, na igreja, para receber oração, com intuito de mostrar que tenho autoridade de Deus. Sendo assim, a autoridade não seria Dele.
- Não coloco imagens de pessoas chorando em um culto, em vídeo ou em foto, para promover eventos Evangélicos. Acho que isso é um desrespeito a dignidade das pessoas.
- Não me considero escritor, nem me apresento assim, porque escrevi dois livros. Preciso ter um compêndio significativo para outros me considerem assim.
- Não repito os chavões religiosos com a freqüência que fazia no enceto do meu ministério. A luz da Palavra de Deus, a maioria deles caem por terra.

Paz seja convosco!

André Santos

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Não podemos nos calar

Shalom!

Hoje em dia, infelizmente por causa de muitos escândalos e excessos que existem no meio evangélico, é comum ouvir, ler e fazer críticas concernentes a Igreja e ao meio evangélico de forma geral. Há uma indignação por parte de muitos que tem ecoado de uma forma ou de outra em nosso meio, e concordo, não podemos nos calar. Mas, fato é que existe um grande desconforto na sociedade com relação a questões ligadas aos evangélicos e também a grande fatia dos líderes denominacionais.

Ao meu modo de ver, precisamos filtrar o que vem acontecendo para que não venhamos colocar todos no mesmo pacote e descartar pessoas sinceras que estão lutando pela verdade, gente de Deus que acredita na mensagem de Jesus, daqueles que estão tentando enganar, extorquir, se aproveitar de uma fatia de desesperados.

É bem verdade que grande parte dos televangelistas, apóstolos, bispos e pastores tem causado um alvoroço alarmante na frente das câmeras. Exageros inescrupulosos têm assustado até mesmo os que não frequentam igrejas, basta apenas ter um pouco de sensatez para não ser ludibriado.

Infelizmente existe realmente um grupo, principalmente os lideres midiáticos, alguns dos crentes artistas, pastores "show man" que tem ajudado na tentativa da dissimulação do nome de Cristo por parte dos críticos e da impressa escrita e televisiva.

Mas como podemos ponderar as questões mais inquietantes que surgem como algo insolúvel no meio cristão? Existem critérios que precisam ser levados em conta na hora de considerar o que tem acontecido no meio Evangélico.

Os líderes mercantilistas, inescrupulosos, mercenários, etc, trabalham em cima de pelo menos quatro situações que todos estão sujeitos a serem explorados. Em primeiro lugar, incitam competitividade. Desde criança, somos incentivados a viver em um mundo de competição. Competimos nos jogos, na hora de se alimentar na escolinha para ver quem acaba primeiro, somos constrangidos a tirar notas boas, não simplesmente para passar de ano ou mostrar que aprendemos a lição. Compete-se a garota no colégio, na roda de amigos, e assim, vamos crescendo e continuamos competindo. Competimos por uma vaga no vestibular, competimos por uma boa vaga de emprego, e assim sucessivamente. Porém, existem competições que também são sadias, pois elas nos ensinam a valorizar-nos a nós mesmos. Mas de certo modo, muitos fazem dessas competições suas razões de viver. Há pessoas que levam isso tão ao pé da letra que sentem-se muitas vezes impelidas a eliminarem seus “oponentes”. Competem tanto que trazem isso para os seus relacionamentos mais íntimos, e inclusive para o relacionamento com Deus e igreja.

O escritor Philip Yancey escreve dizendo: “O gosto pela competição se espalha como uma doença[...]A competição nos cega, de modo a não vermos as coisas de uma perspectiva sóbria e distante. Ela nos agarra e aperta até que tudo em que conseguimos pensar é na vitória”.[1] E isso é uma grande realidade, e em nome da competição, muita gente aprende a pisotear outros nesse processo.

Você já deve ter ouvido algum líder vociferando que Deus vai tirar do ímpio para dar para os crentes. Que Deus vai humilhar aqueles que estão lhe perseguindo, não é mesmo? Ou que vai até matar alguém para lhe abençoar, ensinando assim que Deus prefere uns em detrimento do outros. Pois bem, tem igreja que declarou guerra contra Emissora de Televisão, dizendo eles, que esses são os maiores inimigos do povo de Deus, dando até a alcunha de Babilônia. Muitos fazem isso, usando texto do Antigo Testamento, esquecendo-se que a Bíblia relata ocasiões em que alguns povos se colocavam contra a formação e perpetuação do povo hebreu e não em coisas como emprego, faculdade, nos relacionamentos conjugais, familiares e nem muito menos entre os irmãos. Mas é incrível como em algumas igrejas as pessoas são incitadas o tempo inteiro a competir, a ver sempre o outro como opositor e oponente. Pelo contrário, devemos aprender a sermos humildes como Cristo assim o foi, e, a Bíblia Sagrada nos diz: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros, tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus "(Fp 2.3-5).

Essas palavras do apóstolo Paulo, precisam serem levadas a sério em todas as questões, porque igrejas que trabalham em cima de competitividade, são alimentadas por essas visões de batalha, o que configura todos contra todos.

Em segundo lugar, aguçam a ambição. É interessante porque muitas pessoas acabam confundido sonho com ambição. Sonhar não é proibido, pelo contrário, os sonhos nos alimentam o espírito, nos dão sentido para a caminhada. Alguém já disse que viver sem sonhar não é viver. Realmente, mas quando os malabaristas da fé, tentam dar a essas ambições, nome de sonhos, as pessoas se dispoem a tudo, afinal de contas, quem está falando, o está fazendo, em nome de Deus. Muitos usam a Bíblia para gerar nas pessoas sentimentos que elas nunca tiveram. Concordo que existem pessoas que precisam ser estimuladas a sonhar, mas não a ambicionar.

Ligue a Tv e você verá os testemunhos mirabolantes daqueles que se dizem ter felicidade e paz. Começa normalmente assim: “quando eu vim para igreja tal, morava de aluguel, andava de ônibus ou a pé....mas depois que vim para igreja tal...”(ai vocês já sabem o resto). Desse modo, meia dúzia de gente que já tem o coração dobre, ouve essas coisas, imediatamente já querem saber qual a receita “mágica” para tal mudança radical. Ora, normalmente isso é fruto de trabalho, autodisciplina, mão de obra qualificada e objetivos bem traçados. Mas não, transferem isso para uma dimensão espiritual que causa desdobramentos inimagináveis.

Nunca podemos esquecer que Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado, e lá, ele foi tentado pelo diabo, que usava a própria Palavra de Deus para dissuadi-lo do seu propósito maior (Mt 4.1-11). E aqui, cabe a seguinte observação, não é porque estão usando a Bíblia, que não possam estar gerando nas pessoas sentimentos distorcidos e pervertidos. A Bíblia Sagrada diz: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz” (Tg 1.13,14). E nada que uma forcinha por parte dos mercadejadores da fé, não possa ajudar, ensinando as pessoas a despertarem não o “...o novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10), mas sim, o homem caído, que ama esse mundo e sua beleza. Aguçam nas pessoas sentimentos, que talvez nunca tiveram, e passam a alimentar desejos perniciosos e destruidores.

Em terceiro lugar, exploram as mazelas da vida. Todos nós temos mazelas na vida muito difíceis de se lidar. Passamos por processos dolorosos e muitas vezes desgastantes em meio ao caminho que percorrermos. Muitos estão passando por necessidades emocionais tão atordoantes que o coração está completamente dilacerado. É comum vermos pessoas que chegam ao desespero, apelando para os curandeiros, cartomantes, gurus, prognosticadores e os promotores da má fé.

Porque promotores da má fé? Porque usam as mazelas da vida para as explorar. Há pessoas que já bateram em tantas portas que podem ter certeza, normalmente o último lugar que vão é a igreja. Chegando lá, elas estão dispostas a fazerem o que for necessário para resolver seus problemas mais indesejáveis. Lécio Dornas disse: “Fugir dos problemas é sempre a nossa maior tentação. Aliás, o que não falta hoje em dia são propostas que apelam ao coração humano dizendo: Pare de sofrer! Você não precisa ter problemas! Temos algo que vai fazer você nunca mais verter uma lágrima”.[2] Nessa hora entra em cena esses que se aproveitam da desgraça alheia para sugar-lhes o dinheiro, a boa fé, o tempo, até mesmo a vida, enfim, tudo o que podem. Prometendo soluções imediatas, para causas na justiça, “portas de empregos”, dores de cabeça e outras tantas mazelas.

Exploram o máximo que podem com discursos cheios de técnicas psíquicas, revestidos de uma teatrialização gospel, show de pirotecnia e manipulação emocional. Porém, o apóstolo Pedro, já, a muitos séculos atrás alertou dizendo: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade. Também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme”(II Pe 2.1-3).

É necessário voltar-se para Bíblia, examinar nas Escrituras para ver se realmente o que está sendo dito tem coerência, ou está dissimulando o Caminho Santo, porque muitos estão desatordoados no caminho, sem nenhuma direção porque deram ouvidos a tantas coisas que no lugar de consolar, trouxe mais sofrimento e tristeza.

Em último lugar, colocam-se na condição de sacerdotes. Aqui existe um risco muito grande e ao mesmo tempo, é um assunto bem difícil de trilhar, pois muitas pessoas confundem o ministério pastoral com ministério sacerdotal. Ainda que um pastor seja um ministro de Deus, para ministrar as pessoas através dos dons ministeriais que lhe foram conferidos pelo próprio Jesus, um pastor, só é sacerdote dele mesmo, ou na condição de igreja que intercede pelo mundo e anuncia as Boas Novas de Jesus (I Pe 2.9). Porque o papel de sacerdote no período da Lei, era representar o povo diante de Deus, oferecendo sacrifícios pelos pecados. Já no Novo Testamento, através do Sacrifico feito por Jesus na cruz do calvário cada cristão individualmente, é um sacerdote. O Escritor aos Hebreus escreve: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19,20). Cada pessoa tem autoridade, conferida pelo sangue de Jesus, a se apresentar diante de Deus, humildemente em oração e súplicas em favor da sua vida.

Os líderes fraudulentos se colocam entre Deus e as pessoas, dizendo assim serem eles o intermediário para a solução dos problemas alheios e que Deus, jamais vai ouvir a pessoa que se coloca diante Dele por si só. Assim, se aproveitam da ingenuidade de alguns e da esperteza de outros, que preferem não gozar de comunhão com o Senhor, pois existe entre eles e Deus alguém que pode representar-lhes, sem que ele ou ela, tenha necessidade de mudar de vida. Por isso, ambos tem parte nesse negócio. É o ditado antigo que diz: “Você finge que me engana que eu finjo que acredito”. Com isso, o importante é que meus desejos sejam realizados, sem que haja mudanças.

As pessoas precisam ser libertas dessas correntes religiosas que manipulam e escravizam, em nome de personalidades pecadoras que se colocam entre Deus e os homens, atraindo para si glórias que nunca lhe foram conferidas. Não se deixe enganar, não existe outro mediador entre nós e Deus, se não, “Jesus Cristo, homem” (I Tm 2.5), e essa verdade deve ser libertadora para aqueles que desejam viver uma vida cristã longe das fraudes em nome do Evangelho.

Quero sinceramente que esse quadro mude e que a Igreja de modo geral, possa se posicionar com muitas vozes, contra toda essa picaretagem em nome da fé. Hoje existem muitos meios de comunicação que podem somar-se ao grito de chega, que está multiplicando entre a Igreja de Cristo.

Paz seja convosco!

André Santos




[1] YANCEY, Philip e STAFFORD, Tim. Desventuras da Vida Cristã, Editora: MC, p.39.40.
[2] DORNAS, Lécio. Ganhe Com as Perdas. Ed. Mk, p. 11.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Respostas da Universal e Rede Record as acusações

Shalom!

Como postei aqui as acusações do Ministério Público contra Edir Macedo, veiculadas pela Rede Globo de Televisão no dia 11 de Agosto de 2009, não posso deixar de publicar as respostas dadas pela Universal e Rede Record veiculadas no dia 12 de Agosto de 2009.



No fundo, sabemos que igreja mesmo não tem nada a ver com isso.

Paz seja convosco!

André Santos
www.andressantos.com

Qual tipo de linguagem estamos usando?


Shalom!

Tenho refletido sobre a linguagem que temos a cada dia usado para nos dirigirmos às pessoas dentro e fora da igreja. Fico me perguntando, será que realmente temos falando de forma que elas possam entender? A cada dia percebo que essa linguagem está mais caracterizada com uma falsa esperança revestida de uma religião pragmática.

Estamos usando um linguajar que no lugar de ajudarmos as pessoas, estamos às vezes as confundindo mais. Uma forma de falar que, no lugar de atrairmos, acaba levando as pessoas para longe da verdade. A Teologia da Prosperidade ganhou espaço e irrompeu com força dentro das igrejas cristãs. Ela tem sido difundida com promessas e mais promessas imediatistas que se realmente fossem verdade, todos os simpatizantes do evangelho já estariam com a vida completamente resolvida.

Já tinha parado algumas vezes para rever meus conceitos, desde que havia ingressado no seminário, porém uma das coisas que mais me fizeram refletir sobre os males causados por essas promessas imediatas e frases sem conexão com a realidade, foi em um culto, onde estávamos reunidos e alguém disse para uma irmã: Hoje é o dia da sua vitória. Ao findar o culto, ela me procurou e perguntou o que realmente era a vitória? Eu lhe respondi que depende e muito. Então ela, que havia sido abandonada pelo esposo, que lhe deixara, com dois filhos para criar, me disse: “Para mim a minha vitória é o meu esposo voltar para casa”! Confesso que as suas palavras me comoveram e me despedaçaram. E realmente o esposo não voltou, pelo menos por aqueles dias.

Acredito que seria vão tentar explicar para uma mulher completamente ferida pelas circunstâncias da vida, que Deus queria ensiná-la alguma coisa nesse sofrimento, porque na verdade, à priori, não era isso que ela precisava ouvir. E seguindo a Bíblia, seria mais correto chorar com os que choram.

Já estive conversando com muitas pessoas que estão vivendo uma crise existencial por causa de frases decoradas repetidas por alguns cristãos, palavras sem sentido, promessas irreais e falsas esperanças. Pessoas que foram abordadas por supostos “animadores” que na verdade, causaram mais confusão no lugar de dar orientação, duvida no lugar de esclarecimento, fardo no lugar de alivio, maldição no lugar de benção.

Acredito que precisamos ser mais francos com as pessoas e dizermos para elas que a vida é difícil e que enquanto não passarmos dessa vida para a outra, não haverá descanso nas labutas, não faltarão desencontros, mas a Boa Notícia é que nunca estaremos sós, Jesus de Nazaré estará conosco nessa jornada.

Precisamos “desmecanizar” o nosso linguajar para um linguajar mais apropriado para a vida e ainda mais, sermos a verdadeira expressão do amor de Deus. Encarnar as nossas palavras. As pessoas não são parte de um processo que deveria ser mecanizado e nem são uma parte do processo que envolve as nossas vidas em particular. Não! As pessoas são o processo em si mesmo. Por esse motivo elas precisam entender o que estamos dizendo. Não podemos ignorar o fato que as pessoas são o alvo da cruz de Cristo. Foi pelas pessoas, isso mesmo, por gente, que Jesus deu a sua vida na cruz do calvário.

Para isso precisamos entender que estamos lidando com pessoas que tem necessidades, objetivos, frustrações, decepções, dúvidas, encantos, sonhos e idéias. Então, devemos usar uma linguagem do cotidiano, uma linguagem inteligível, sem abstrações. Eugene H. Peterson, diz que às vezes usamos uma linguagem propagandeira, que mais parece esta direcionada a um público desconexo. Ele diz: “É uma linguagem apropriada para multidões de desconhecidos, mas de utilidade duvidosa para transmitir um conteúdo pessoal...”.[1]

Penso que a maioria das pessoas que vão as nossas igrejas acham que nós não somos seres humanos, que não enfrentamos problemas, dificuldades, tentações, desilusões, dores e sofrimentos. Alguns filósofos do passado chegaram a insinuar que a religião no lugar de ajudar as pessoas, as infantilizava. Em vez de ajudar as pessoas a enfrentar a realidade com galhardia, transfere isso apenas uma esperança ilusória.

Como cristãos que somos, devemos nos despir da sabedoria desse século, das frases desconexas com a realidade, do ufanismo religioso que estamos imersos, da vulgarização do sagrado, da linguagem imediatista e ilusória para uma linguagem mais humana e realista, como Jesus o fez. Podemos fazer o que a Bíblia Sagrada nos propõem, usar a linguagem que Jesus usou. E, Paulo deixa isso bem claro, quando diz: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2.5-8).

Qual é a proposta? Jesus se humanizou. E nós também precisamos usar uma linguagem mais humana, que saiba lidar com as aflições e as desventuras das pessoas. Sem circunlóquios e sem emendas, sem falsas esperanças e sem ilusões, sem imediatismo e embustes.

Qual o tipo linguagem estamos usando? Uma linguagem bem distante da realidade das pessoas do nosso século, impregnada de fantasias ufanista.

Qual a linguagem precisamos usar? Uma linguagem de gente para gente, de pessoa para pessoa, que encaram a vida como Jesus encarou e não fugiu de nenhum dos dramas que a humanidade enfrenta, nem do seu tempo nem do nosso. Jesus levou as pessoas a sério. E, até os dias atuais, os sofrimentos não mudaram, mas o mesmo Jesus se compadece de todos dizendo: “...Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33).


Paz seja convosco!

André Santos



[1] PETERSON, Eugene H. A Maldição do Cristo Genérico, São Paulo, Ed. Mundo Cristão, 2007, ps. 255,256.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Não deixe de lutar


Shalom!

Não deixe de lutar em meio aos embates da vida
Mesmo que a fatiga tente lhe consumir
Continue, haverá uma esperança;
Se parecer que não dá, mesmo assim acredite.
Vencedores não são necessariamente quem ganha todas as batalhas
Mas sim aqueles que continuam lutando.

Paz seja convosco!

André Santos

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Acusações contra Edir Macedo

Shalom!

Essa reportagem foi levada ao ar no dia 11 de Agosto de 2009 pela Rede Globo de Televisão, no Jornal Nacional.



Antes de qualquer julgamento, é melhor esperar e vê se o Ministério Público tem provas concretas. No demais, segue as palavras de Paulo:

"Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo" (I Coríntios 3.11-15).


Paz seja convosco!

André Santos

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Uma Viva Esperança

Shalom!

Os dias em que vivemos são dias de tensas crises. Fala-se muito em crise financeira, porém, existe uma forte crise existencial que atingiu não somente a nossa existência quanto pessoa, mas também, a nossa existência quanto igreja.

A desconstrução e construção da fé têm acontecido de forma tão conjunta que muitos estão abatidos, achando não haver mais esperança. A bem da verdade é que as máscaras da teologia da prosperidade tem caído, e já não é qualquer um que engole mais os discursos cheios de fantasias e presunções.

A muito, o Pentecostalismo e alguns dos reformados, acabaram cedendo espaço para que muitas aberrações invadissem o Evangelho, fazendo uma mistura terrível e assustadora. Sincretismos religiosos, apetrechos, e tantas e tantas coisas foram sendo empurrados goela abaixo. Hoje, há muitas pessoas frustradas sem conseguir enxergar um palmo à frente na vida espiritual, confundido denominações com o genuíno Cristianismo, pastores com mercadejadores da fé e Jesus com Césares, que davam “pão e circo” para o povo.

Nesse tempo, é bom lembrar o que o apóstolo Pedro escreveu para os irmãos que estavam vivendo dispersos por diversas regiões devido à perseguição aos cristãos por conservarem a fé verdadeira em Jesus enquanto outros adoravam os imperadores-deuses, quando disse: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (I Pe 1.3).

Essa viva esperança mencionada por Pedro é que nos faz conservar na verdade em tempos assim. Mesmo enfrentando tribulações, privações e provações, a esperança, se manifesta de forma mais intensa em tempos assim, de dificuldades e infortúnios.

No outro lado, está uma esperança morta, porque faz com que as pessoas se rendam as chavões da fé, que enganam, aos encantamentos, as fábulas que tem poder momentâneo carregados de eufemismo. Uma esperança morta faz com que as pessoas busquem desesperadamente prosperidade nas mega-campanhas que prometem mundos e fundos em troca de ofertas financeiras exorbitantes. Uma esperança morta faz com que as pessoas vivam o ministério da carne, buscando a satisfação imediata dos seus apetites e das suas cobiças.

Mas Pedro alertou que aqueles que estão enfrentando dificuldades e privações estão para além desses entraves. Sim! Ele disse que Deus nos regenerou para uma “viva esperança”. Essa viva esperança nos faz entender que no meio do caos, Deus continua sendo Deus. Que a semente da autentica fé continua produzindo raízes e frutificando nos corações daqueles que Jesus chamou de “boa terra” (Mt 13.23).

Uma viva esperança tem consciência que a despeito dos mercadejadores da fé, ainda existem profetas de Deus que ousam a clamar nos desertos. Uma viva esperança nos faz lembrar que Jesus não ofereceu privilégios aos seus seguidores e nem prometeu que o seu Reino era daqui. Pelo contrário foi pronto em afirmar: “meu Reino não é desse mundo”. Ele nos ensinou a ressignificar a vida a partir dos princípios do Reino de Deus, um Reino de paz, justiça e alegria no Espírito Santo.

Que nesse tempo onde o vento tem “soprado” sobre a Igreja, possamos manter essa viva esperança ardendo em nossos corações, pedindo que o Espírito Santo nos dê discernimento no meio dos furacões que tem arrastado muitos a uma esperança morta e abraçarem o ministério da carne.

Uma viva esperança será notória naqueles que realmente foram regenerados pelo Deus Pai, de nosso Senhor Jesus Cristo.

Paz seja convosco!

André Santos

domingo, 9 de agosto de 2009

Pensamentos e realidade

Shalom!

Se você ousar ir contra o mundo, você será chamado de antiquado.
Se você ousar ir contra o sistema religioso, você será chamado de subversivo.
Se você ousar em pensar fora da “caixa” você será chamado de herético.
Se você ousar a mudar, será chamado de descartável.

Paz seja convosco!

André Santos

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nascimento de uma comunidade

Shalom!

Participar do nascimento de uma comunidade (igreja) não é uma tarefa simples. Na verdade, esse momento se torna ao mesmo que sublime, desafiador e fadigoso.

Quando iniciamos um trabalho, nós temos diversos públicos envolvidos. Primeiro, os antigos religiosos, aqueles que freqüentaram igrejas na sua vida pregressa e criaram um conceito de igreja que nem mesmo eles conseguem se encaixar, tanto é que estão de fora e agora, novamente começam a tentar caminhar, mas com exigências dos antigos modelos. Segundo, temos aqueles que de alguma forma já tiveram contato com o Evangelho, mas de forma muito superficial. Alguns têm familiares cristãos, outros tem amigos, já outros, fizeram algum tipo de visita em oportunidades diversas, mas de forma geral, nunca frequentaram uma comunidade cristã e mal compreende os princípios elementares da fé. Esses precisam, mais do que nunca serem discipulados. Terceiro, temos aqueles que estão se achegando, que nunca tiveram a oportunidade de frequentar uma comunidade cristã e nem tiveram contato com a Boa Notícia de Deus para os homens e não compreende a essência da proposta real de uma igreja.

Nesse período do estabelecimento de uma igreja, se torna importante três coisas fundamentais para que a nova comunidade cristã possa ao menos começar a tomar forma.

Em primeiro lugar, é necessário derrubar conceitos e sofismas criados a partir de ideologias equivocadas. As pessoas precisam entender que nem toda experiência religiosa do passado tem que estar certa. Às vezes o modelo arcaico que feriu, continua ferindo a mente e o coração de muitos, que ainda tem como meta ou desafio, sobrepujar-se e mostrar que são capazes de viver naquele antigo modelo. Muitos o fazem de forma inconsciente, apenas por serem reféns do próprio conceito opressor de outrora. Porém, esses tipos de pensamentos e conceitos pré-estabelecidos, só podem ser aniquilados com o conhecimento de Deus.

Quando as pessoas são expostas à verdade da Palavra, o impacto que causa a princípio é de negação daquela verdade, pois muitos tinham como verdade, “aquilo que aprenderam”, mas depois de confrontadas, podem ser libertas de tais conceitos. Ao escrever à Igreja de Coríntios, o apóstolo Paulo, fala da maneira como vencer as fortalezas da altivez religiosa e conceitual quando diz: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; destruído os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (II Co 10.4,5).

Em segundo lugar, precisamos oferecer um discipulado de estudo e convivência em comunidade. Acho que um dos maiores fracassos ligados ao discipulado em nossos dias, não seja apenas na qualidade dos ensinos ministrados, mas principalmente no tempo despendido no discipulado. Jesus investiu muito mais do que ensino teórico nas pessoas, ele investiu também ensino prático e o seu tempo. Por esse motivo, uma das maneiras mais eficaz é de viver em comunidade, estar na companhia das pessoas, passarmos mais tempo juntos. Esse é um dos grandes desafios que nem todos estão dispostos a assumir. Era comum ver Jesus nas casas (Mt 8.14; Mt 9.10; 13.36; Lc 19.5), nas festas (Jo 2.2; 10.23, 12.2), nas ruas (Lc 8.4), nos montes (Mt 5.1; 15.29,30), no templo (Mt 21.12; Mc 11.15), mas sempre na companhia dos seus discípulos.

Oferecer um cristianismo de transformação implica em conviver com as pessoas lhes expondo não somente aos triunfos de nossa vida cotidiana, mas também de nossas carências, inclinações e mazelas, tanto como cristão, quanto discipuladores. As pessoas precisam conviver com gente que seja humanas como elas são, não apenas com caricaturas ou modelos pré-fixados, ou com lideres com dotes ou personagens criados apenas na mente de pessoas cheias de expectativas equivocadas.

Por último, as pessoas precisam saber que elas (nós) é quem necessitam de Deus. Uma igreja que nasce em uma cidade é para o bem das pessoas que se achegam, e também da cidade.
Uma das coisas mais enganosas e sutis é quando vemos as pessoas lidando com uma igreja, como se elas estivessem fazendo um favor para Deus ou para os ministros de Deus. Certa vez, ouvi um pastor dizendo que um certo homem chegou à igreja onde ele pastoreia, dizendo que estava indo ali para ajudá-lo. Então ele respondeu de imediato: “você está vindo para cá, para eu lhe ajudar, eu estou aqui como pastor e ministro de Deus para lhe orientar, lhe apascentar”. A mensagem de Jesus ao iniciar seu ministério foi enfática: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 4.17). Quando Paulo e Barnabé entraram na cidade de Listra e viram quão idolatras eram o povo daquela cidade, a mensagem foi esta: “convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles” (At 14.15). Charles Spurgeon disse que nós devemos dizer para as pessoas o risco que elas estão correndo nesse mundo.

Essa consciência deve ser parceira das pessoas que se chegam a uma igreja, e nunca esquecer que Jesus veio para salvar os pecadores, dos quais nós fazemos parte. Um falsa piedade e auto-comiseração, sempre são caminhos alternativos para aqueles que não estão dispostos a colocar-se na condição de pecadores e carentes de Deus. Por isso, a mensagem do Evangelho, alerta as pessoas que Deus nos propõem em amor uma salvação que está para além de nós, mas que se inicia Nele, e que pode ser alcançada por aqueles que crer em seu Filho, Jesus Cristo, o qual nos limpa e nos purifica de toda a culpa, pecado e mancha do passado, nos proporcionando assim a oportunidade viver em novidade de vida.

Por isso, uma igreja que nasce em uma cidade é um sinal de que Deus não desistiu das pessoas, dos serem humanos, mas que nos chama de forma amorosa e ao mesmo tempo confrontante a aceitar a salvação que nos está proposta desde a fundação do mundo.

Paz seja convosco!

André Santos
andressantos.com

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Nossa Comunidade na Itália

Shalom!

Essa é a nossa comunidade que está nascendo na Itália. É formada de pessoas simples que a cada dia busca um relacionamento mais verdadeiro com Jesus.

A nossa missão é a que Cristo nos confiou e assim cremo, está em suas próprias palavras que disse:

"Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”
(Mt 28.19,20).

Procuramos refletir isso em um modo de vida prático, priorizando relacionamentos em vez de programas extensos e cansativos. Atualmente estamos nos reunindo em salas comunali (prefeituras) da cidade de Trento, Itália.

Até aqui o Senhor tem nos ajudado!



Paz seja convosco!

André Santos

terça-feira, 16 de junho de 2009

Cristianismo autêntico

Shalom!

Essa é uma litania escrita por um católico romano que nos ajuda e muito no objetivo de sermos cristãos autênticos.
Medite.

"Ó Jesus manso e humilde de coração, ouve-me.
Livra-me, Jeus,
do desejo de ser estimado,
do desejo de ser amado,
do desejo de ser exaltado,
do desejo de ser honrado,
do desejo de ser louvado,
do desejo de ser preferido,,
do desejo de ser consultado,
do desejo de ser aprovado,
do medo de ser humilhado,
do medo de ser desprezado,
do medo de ser repreendido,
do medo de ser esquecido,
do medo de ser ridicularizado,
do medo de ser prejudicado,
do medo de ser alvo de suspeitas.
E, Jesus, concede-me a graça de desejar
que outros possam ser mais amados que eu,
que outros possam ser mais estimados que eu
que na opinião do mundo outros possam crescer e eu diminuir,
que outros possam ser escolhidose eu posto de parte,
que outros possam ser louvados e eu passe despercebido,
que outros possam ser preferidos a mim em tudo,
que outros possam tornar-se mais santos do que eu,
contanto que eu me torne tão santo quanto devo ser".

A minha luta é para que esses sentimentos nasçam em meu coração.

Paz seja convosco!

André Santos

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Desertos e Agruras da vida

Shalom!

Uma dor, um sentimento de solidão, alguém que partiu e não deu mais notícias, traições, desencantos, tragédias, inimizades, abandono, uma vida cheia de marcas e traumas. Tudo isso nos cercam em nossa jornada, em nossa peregrinação.

Para muitos, essa é a verdadeira realidade da vida. Não pensemos que existam pessoas que não viva apenas assim, porque existe e inúmeras, talvez a maioria das pessoas vivam dessa maneira. Acredito que seja por isso que a mensagem do Evangelho sempre aponta para os fracos, abatidos, desvalidos, quebrantados, desprezados e abandonados. A mensagem Bíblia é muito clara, no que diz respeito a essa estirpe de gente. Deus as ama!

Nesse mundo em que vivemos, não há lugar para o fraco, abatido, para o que não vem de linhagem nobre, pois são fortes os pré-conceitos em diversos sentidos. Quanto à raça, cor de pele, sexo, nacionalidade, credo, descendência familiar, deficiências físicas, etc.

A cada dia o mundo fica mais impiedoso e intolerante com os que sofrem, contrariando os apontamentos bíblicos para uma verdadeira religião. Assuntos como infanticídio crescente entre os índios brasileiros, ainda são tratados de forma secundária, e olha que é um fato milenar. Onde estão os representantes religiosos nessas horas? Ah, já sei, ocupados demais que não podem dar atenção a isso, ou ocupados demais que não podem atender as ovelhas do aprisco, ou ocupados em como enaltecer os seus egos inflamados.

É, somos todos responsáveis, somos todos culpados pelo estado caótico que se encontra o mundo. Porque Deus colocou o homem no “jardim” do Éden para cuidar dele. Como temos sido ingratos. Cresce a religião e nada muda. Os cidadãos do Reino estão tão comprometidos, que não podem ajudar a cuidar do Planeta Terra, afinal de contas, vamos para o céu não é mesmo? Que idéia mais fajuta e sem nexo para fugir da responsabilidade diária. Na verdade, se não olharmos com a ótica Bíblica, vamos continuar cuidando apenas dos nossos egos que está por demais inflamados, e não do próximo, do abatido, do órfão, dos marginalizados.

Sei que pouco posso fazer para mudar determinadas circunstâncias que já estão infectadas em nossos dias, mas acredito ainda que a mensagem do Evangelho seja de fato a única e mais plausível solução para esse mundo que está em rebelião contra Deus. Por isso creio que ainda existe muita esperança para aqueles que buscam respostas em meio a toda essa confusão cósmica.

Deus é o juiz dos fracos, dos abandonados, dos desvalidos, dos desprezados, dos rejeitados, dos indesejados. Isso mesmo. Deus continua amando o que ninguém ama e tendo afeição por aqueles por quem ninguém tem.

Mesmos para os filhos pródigos que se foram, Ele continua à porta, esperando o retorno iminente, a criança, que é decorrente de um ato de estupro, o ancião abandonado no asilo, a mulher desprezada pelos filhos que já se casaram e foram embora, o pobre, os decepcionados, os sobrecarregados. E, essa é a verdade singular no Evangelho de Cristo. Talvez, seja por isso, que a mensagem mais extraordinária do mundo, é para os doentes e não para os são. Para os que não deram certo e não para os que “deram” certo. Foi Jesus quem disse: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores” (Mt 9.12).

Se você é muito bom, e não precisa de ajuda, e suas justiças são o suficiente para lhe garantir uma boa vida e por fim a vida eterna, essa palavra talvez não seja para você. Agora, se você é uma pessoa abatida, sente que as suas mais profundas misérias estão sobre sua realidade de vida, está enfrentando um vale de lágrimas dia e noite, e ainda está passando pelos desertos e agruras da vida, e sente-se o pior dos pecadores, eu posso lhe afirmar que o seu lugar é ao lado de Jesus. Seja bem-vindo ao Reino de Deus! É você quem Deus procura. A despeito de quaisquer coisas, Ele lhe amou e lhe quer bem.

Paz seja convosco!

André Santos

terça-feira, 26 de maio de 2009

Crescendo e aprendendo

Shalom!

Uma hora a gente cresce e aprendemos algumas coisas que nos faz bem. Às vezes na ânsia de acertar cometemos equívocos que são frustrantes. O discipulado que Cristo ensinou é uma tarefa árdua e difícil, porque exige de nós abnegação. Mas a grande crise, não é a questão da abnegação em favor de Cristo, mas sim em esbarrarmos em algumas coisas que estão bailando no discipulado.

Quando coloquei a idéia de ser discípulo na minha cabeça, achei que deveria seguir e até mesmo imitar, pois foi o que Paulo disse: “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (I Co 11.1). Mas nessa ânsia me frustrei. Pelo seguinte, o discipulado muitas vezes é mal interpretado e você acaba sendo visto como uma pessoa sem identidade, taxado, rotulado como alguém que está apenas invejando, no lugar de estar somando, ou até mesmo sendo discípulo.

Mas o pior não é isso. Às vezes você é mal visto pelo fato de querer ser igual, não em nível de igualdade moral ou intelectual, mas de utilidade no Reino de Deus. Porque admira, porque tem com referencia. Então agente cresce e percebe que esse também é o preço do discipulado. Mas se você não estiver preparado, pode sucumbir e desistir até da caminhada. Cheguei até a pensar em parar de pregar, por causa de duras criticas que vinha sofrendo. Mas estou aprendendo, talvez “crescendo”, espero.

Então me deixa compartilhar algumas lições preciosas que tenho aprendido no discipulado:

Em primeiro lugar, lembre-se que você deve ser primeiro discípulo de Jesus Cristo. Quando digo isso me lembro que a igreja em que realmente fazemos parte é da igreja universal que se caracteriza pela “Multiforme sabedoria de Deus” (Ef 3.10). Existem pessoas e mais pessoas que estão espalhadas por toda face da terra servindo ao Senhor de forma que podem em algum nível ser “imitadas”. Podemos tirar qualidades de múltiplos lugares sem perder a nossa identidade. Em segundo lugar, não se esqueça que você é que escolhe os seus ícones e modelos a seguir, pessoas que realmente tenham as marcas de Cristo, ninguém pode lhe forçar a nada. Isso se chama equilíbrio, quando passamos a fazer as nossas próprias escolhas sem que haja uma má interpretação. Em terceiro lugar, se você frustrou-se, não precisa abaixar a cabeça, a graça de Deus é o suficiente para mostrar-nos que temos um grande valor para Deus e podemos ser uma benção, sabendo fazer uma triagem de tudo que absorvermos e vemos. Em último lugar, na grande maioria das vezes o que as pessoas pensam ou dizem de você, não é o que Deus diz. Então não fique tenso ou tensa! Descanse, ninguém pode matar sua esperança.

Hoje continuo minha ânsia pelo discipulado, mas percebo que em todos os arraias, há modelos a serem seguidos, de pastores a nobres irmãs e irmãos de cabelos grisalhos, de crentes maduros a novos convertidos que chegam à igreja com uma simplicidade singular.

Vejo em cada expressão, algo de Jesus de Nazaré e creio que a cada dia minha identidade vai sendo jornada, no calor do abraço, no olhar terno da criança, no sorriso de um irmão, na experiência do ancião, até que chegue a estatura do varão perfeito. Ah e continuo pregando o evangelho sem mascaras ou remendos, mas com a minha própria maneira de ser. Tenho meus ícones, meus referenciais e olha que não são poucos, mas o suficiente para me trazer equilíbrio, fixando firmemente os meus olhos em Jesus, autor e consumador de nossa fé.

Paz seja convosco!

André Santos

domingo, 17 de maio de 2009

Evangelismo

Shalom!

Esses dias eu estava tentando definir o que penso sobre evangelização e achei um texto que reflete bem o que penso. Gostaria de compartilhar com você.

Evangelização autêntica

"Se evangelizar é encontrar uma pessoa na rua e com cara de pau dizer “Jesus te ama” e virar as costas, eu não evangelizo.

Se evangelizar é tocar um hino nas praças e ir para casa achando-se o máximo, eu não evangelizo.

Se evangelizar é participar numa marcha para fazer propaganda da igreja e dos cantores, eu não evangelizo.

Se evangelizar servir para arrastar pessoas para igreja quando acontecem festinhas com comida e montar esquemas para essas pessoas se sentirem bem-vindas, somente naquele momento, eu não evangelizo.

Se evangelizar é entregar folhetos que serão atirados ao chão criando assim mais sujidade nas ruas, eu não evangelizo.

Se evangelizar é pregar de forma a criar um sentimento de culpa nas pessoas bombardeando-as com idéias de pecado e consequentemente o inferno para os maus e céu para os bons, eu não evangelizo.

Se evangelizar é convencer as pessoas que se devem proteger do mundo dentro de uma igreja, que acaba por se tornar um bunker (casa de segurança na guerra) contra toda guerra espiritual e ofensivas do diabo, eu não evangelizo.

Se evangelizar é sistematizar o Evangelho, eu não evangelizo.

Agora se evangelizar é caminhar juntos, estar presente na vida das pessoas, ser ombro amigo, chorar e rir em vários momentos, então eu creio que evangelizo.

Afinal entendo que o maior evangelismo de Cristo, foi estar ao lado, foi comer junto e presenciar toda a aflição e alegria do seu próximo.

Creio que evangelizar é sinónimo de relacionamento. O verdadeiro evangelho não é feito de seguidores e sim de amigos.

Portanto, se evangelizar é partilhar o pão nosso de cada dia, eu evangelizo".

Reflete um pouco do que penso...

Paz seja convosco!

André Santos

Texto de Marco Finito – Lion of Zion

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Música para o coração

Shalom!


Para os que estão cansados da mesmice. Segue essa bela canção de Stênio Marcius.

Alguém como eu...

Paz seja convosco!


André Santos

terça-feira, 12 de maio de 2009

Repense sua religiosidade

Shalom!

A religiosidade pós-moderna precisa ser repensada. As vezes a cegueira religiosa é algo tão nefasto que faz-se cruezas em nome da religião desde que seja para conservar os rituais, cerimônias, que os seus lideres e representantes consideram importantes. Claro que isso não é novo, basta apenas olhar para história. Porém, acho que valha a reflexão.

Em (Jo 18.28-30) quando os lideres religiosos, levaram Jesus para o Pretrório, eles não quiseram entrar para evitar contaminação cerimonial, pois a intenção deles era de participarem da Páscoa.

Mas interessante é a trama que se decorria por detrás. Porque na verdade eles levavam Jesus não apenas para ser julgado por Caifás e Pilatos, eles o levaram para ser crucificado. Que religião é essa, onde os rituais eram mais importantes que a vida de um homem? E olha que esse, era inocente em toda sua conduta.

Na verdade, toda essa crueldade estava revelada através de todo o contexto da caminhada de Jesus confrontando com a religiosidade dos fariseus. Quantas vezes eles censuraram Jesus por ter curado algum enfermo no Sábado? O paralítico de Betesda (Jo 5.1-12), o cego de nascença (Jo 9.1-20) e outras passagens mais.

A nossa realidade não foge disso também. O que acontece hoje têm muito a ver com a realidade dos dias de Jesus. As pessoas continuam cometendo os mesmos equívocos religiosos. Alguns ajuntamentos que vemos, dá até angustia de tanta “pompa”, “glamour”, “formalidades” do que um ajuntamento leve e menos opressor. A religiosidade em todos os âmbitos continua sendo tão esmagadora e cruel. Trocamos pessoas por programas, ritos, mega-eventos, etc. Sim, existe uma inversão terrível, pois tudo o que era para ser acolhedor, leve, generoso, torna-se tão avassalador quanto os sistemas seculares.

Cegos, os religiosos mataram o Filho de Deus. Cegos, os religiosos continuam sacrificando muita gente, “sorte” de quem sobreviver. E, olha que tenho encontrado “poucos” sobreviventes, e muitos que aderiram ao sistema, mas que lentamente querem “sair do guarda-roupa”. Pena que só lhes faltam coragem, talvez faltem ter a intuição que estão sendo encorajados.

Creio que há uma necessidade cada dia maior de gente quem em nome do amor, aprenda a ser mais tolerante com o próximo, mesmo dentro de suas errôneas ideologias. Porque afinal de contas, o propósito maior da Cruz, foi alcançar as pessoas, vidas, e não formar uma religião “oficial” com o poder de condenar ou absolver segundo os moldes dogmáticos.

Pois é, os homens queriam crucificar Jesus e ao mesmo tempo, não se contaminar entrando na Casa do Governador. Que paradoxo assustador. Lembra-nos muitos que oram, jejuam na semana da ceia, mas fere com palavras e conversas que geram morte, prometendo um evangelho falso, cheio de fantasias e promessas infundadas. Campanhas nas igrejas para as pessoas ficarem “ricas” e usarem Deus apenas como amuleto. Lideres que estão condenando as pessoas ao fogo do inferno dizendo que quem não paga o dízimo é ladrão e consequentemente ladrão não entra no céu. Aderindo texto fora do contexto. Outros que praticam os rituais de forma criteriosa, mas que despreza o principal: "misericórdia quero e não sacrifícios". Gente "justa" na pratica religiosa e levianas no amor. Rígidos no que chamam de doutrina e indolentes na compaixão e longanimidade.

Nós precisamos com maior urgência, rever, repensar re-conceituar nossa religiosidade, nossa forma farisaica de pensar e de fazer. Lembro-me da frase do Teólogo Jacques Ellul, citada por Robert Banks:

“...Uma doutrina só te poder (à parte aquilo que Deus lhe concede) à medida que cria um estilo de vida a medida que é adotada e aceita pelas pessoas que tem um estilo de vida em harmonia com ela...”.

Precisamos entrar em harmonia com as Escrituras, ao menos lutar, ter como ideal, repensar o amor proposto por Jesus de Nazaré ao mundo quando disse: “O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei” (Jo 15.12). Nossa religiosidade está aquém daquilo que deveria ser um verdadeiro cristianismo. Que o Senhor nos ajude a não matar inocentes e ao mesmo tempo querer nos conservar “puro”, sem contaminação para herdar o Reino de Deus. Porque se não, nossa fé, nossa prática, torna-se apenas paganismo com roupagem de cristianismo.

Paz seja convosco!

André Santos
www.andressantos.com

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Não somos juizes de ninguém


Shalom!
Para pensar, antes de julgarmos quem quer que seja...

"...Não tenho nenhuma capacidade de julgar [...] -Você já se mostrou bastante capaz, mesmo no pouco tempo que passamos juntos. E, além disso, já julgou muitas pessoas durante a vida. Julgou os atos, até mesmo as motivações dos outros, como se soubesse quais eram. Julgou a cor da pele, a linguagem corporal e o odor pessoal. Julgou histórias e relacionamentos. Até julgou o valor da vida de uma pessoa segundo seu conceito de beleza. Em todos os sentidos, você é bastante treinado nessa atividade." (Extraido do Livro, A Cabana. Willian P. Young - Sextante - p. 145-146).

"Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não está a cumprindo, mas está se colocando como juiz. Há apenas um Legislador e juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o próximo" (Tg 2.11,12).

Paz seja convosco!

André Santos
http://www.andressantos.com/

terça-feira, 28 de abril de 2009

Entre Pastores e Lobos

Shalom!

Para pensar...

"O comentário mais importante que precisa ser feito sobre os pastores cristãos de todo tipo é que estão sob as pessoas (como servos) e não sobre elas (como líderes e, muito menos, como senhores). Jesus deixou isso bem claro. A principal característica dos líderes cristãos, afirmou ele, é humildade, não autoridade; bondade, e não poder". (John Stott)

[fonte: cristianismo hoje]